domingo, 27 de abril de 2008

7 LÁGRIMAS DE UM PRETO - VELHO

Num cantinho de um Terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste Preto-Velho chorava. De seus "olhos" molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e não sei porque as contei... Foram 7.
Na incontida vontade de saber aproximei-me e o interroguei. Fala, meu Preto-Velho, diz ao teu filho por que externas assim urna tão visível dor? E ele, suavemente respondeu; estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada urna delas.
A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...
A segunda a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.
A terceira, distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a UMBANDA, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante.
A quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.
A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: creio na UMBANDA, nos teus Caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo.
A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.
A sétima, filho, notas corno foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos "olhos" de todos os Orixás. Fiz doação dessas aos Médiuns vaidosos, que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam às doutrinas.Esquecem, que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual Assim, filho meu, foi para esses todos que vistes cair, uma a uma, AS 7 LÁGRIMAS DE UM PRETO-VELHO.

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